segunda-feira, 24 de novembro de 2008

CORRUPÇÃO, DESIGUALDADE E PRECONCEITO


"Neste país qualquer um pode chegar a ter uma situação parecida com a minha, basta morar de aluguel e perder o emprego”

Aos 31 anos DNP já foi estudante universitário, trabalhou como segurança em um condomínio de luxo no Morumbi, foi despejado e viveu nas ruas. Há quatro meses ele mora no COR – Albergue Esperança, localizado no bairro de Pinheiros, na cidade de São Paulo e está trabalhando, mas sofre preconceitos por ser ex-morador de rua.

Um dos motivos para ele ir parar nas ruas foi o uso de drogas, que utilizou desde os 12 anos. Por fim começou a faltar no trabalho e perdeu o emprego, deixou a faculdade, ficou devendo o aluguel e foi despejado. Foi viver no centro da cidade, pois não queria que pessoas conhecidas o vissem nessa situação "eu não quis ficar no bairro em que eu morei e nem próximo dos lugares em que freqüentei, porque tinha vergonha que algum conhecido me visse. Daí fui para o centro da cidade e morei um ano na Praça Princesa Isabel", diz DNP e saiu das ruas quando sua ex-mulher o encontrou e disse que queria ajudá-lo.

Para DNP a vida nas ruas é fácil, pois não há regras: "nas ruas você acorda e dorme na hora que você quiser, come, fuma e volta a dormir de novo". Ele não gostava de fumar com crianças e nem comprar drogas delas, pois lembrava de seu filho de 7 anos.

Segundo a psicóloga do COR - Albergue Esperança, Ivanilza Ribeiro, existem vários fatores para a situação de vulnerabilidade social e um deles é o vício. Ela trabalha essa questão com os ex-moradores de rua, mostrando suas conseqüências: “não podemos forçá-los a largar as drogas, mas sim orientá-los através de terapia individual e comunitária” e continua "quando as famílias os procuram e os encontram eles sentem vergonha dessa condição e tentam melhorar, mas para muitos ficam as desilusões de suas tentativas por não conseguirem trabalho, pelo fato, de não terem um endereço que não seja o albergue".

São vários motivos além do uso de drogas que geram a desigualdade social e a miséria. Alguns são a falta de oportunidade de ensino, educação familiar, saúde, emprego, etc. Mas para que o país possa começar a desenvolver um planejamento que modifique essa condição, antes de mais nada, é necessário acabar com a corrupção, seja ela pública ou privada, para que, a partir daí, os valores desviados sejam investidos em programas que beneficiem o bem estar público e social.

Para ver a pobreza e a miséria não é necessário percorrer o Brasil afora. Basta sair de casa, passar por uma praça ou andar pela cidade, que encontraremos pessoas vivendo nesta condição. Na capital paulista, por exemplo, existem 13 mil pessoas em situação de rua, segundo pesquisa realizada pela FIPE, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, em abril deste ano.

Por Andrea Machado